sexta-feira, 31 de julho de 2009

Uma rosa nas mãos


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Não sei seu nome. Tampouco sei se o verei novamente. Ele vendia cocadas caseiras. Eu aguardava com curiosidade, e um sorriso discreto nos lábios, enquanto o ônibus parava no mesmo local, e ele entrava modesto e sorridente. As luzes apagadas do ônibus acendiam. As pessoas olhavam com interesse para a bandeja que ele carregava no antebraço, sem saber que na verdade, era para ele que olhavam. As cocadas vinham em plásticos transparentes muito finos e brilhantes, separadas pelas opções de sabores: côco natural, leite condensado, côco queimado, e outros sabores. Eu olhava pela janela, enquanto pensava "por que justo eu não gosto de cocadas". Eu contava silenciosamente quantas fileiras ainda faltavam para que ele chegasse ao meu lado com voz tão doce: "Com licença, senhorita, gostaria de levar umas cocadas caseiras?" Já cansada de dizer não, e talvez, remorsiada também, mesmo falando mui educadamente, um dia disse sim, e comprei uma cocada de leite condensado. Acho que dei a cocada para alguém que gostou muito, mas isso não é o que importa. O que importa é que aquele vendedor de cocadas, penso eu, está no lugar errado. Deveria estar onde realmente dão valor às rosas que ele traz nas mãos, na voz, na atitude, no gesto cavalheiro e cortês. Sempre torci para que ele, num dia qualquer, esteja sentado no mesmo ônibus, usufruindo de suas cadeiras acolchoadas, talvez quase dormindo, com um sorriso nos lábios, cansado por mais um dia de trabalho numa empresa...sua, talvez. E eu terei muito prazer em dizer, ao sentar na poltrona ao lado: "Com licença, senhor, importa-se que eu sente aqui?" E passaremos a viagem em silêncio completo, cada um com seu sorriso próprio de satisfação: eu, lendo algum artigo numa revista, e ele, descansando enquanto olha pela janela, sem saber que sorrio por dois...

terça-feira, 28 de julho de 2009

Shiuuuu

Hoje, pela manhã, encontrei minhas plantinhas na janela quase mortas. Descobri que uma planta triste e sem flores é o que eu me tornei. Mas descobri também que o motivo pelo qual deixei de florescer não merece a minha falta de novos botões. Corri para regar as plantas, e tentar salvar o que restou dos 3 dias de descaso. E por isso, tudo que eu fizer a favor das plantas, farei também a meu favor: as regas, a exposição ao sol, o adubo, a poda...tudo.

Decidi florescer novamente.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Tudo muito simples

Hoje eu queria tudo assim,
tudo muito simples.

Queria redesenhar nosso traço,
consertando os desvios,
apagando os borrões desvairados.

Hoje eu queria um traço simples,
um poema monocromático,
apenas voz e violão, um solo de violino,
numa frase muito bem sentida.

Tudo muito simples.
Hoje eu queria tudo assim.