domingo, 21 de junho de 2009

Noiva da noite

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Eu te espero aqui, sabendo que espero em vão, completamente consciente da tua ausência permanente, e, enquanto observo a beleza surreal da lua, torno-me noiva da noite, na sua imensidão, e torno-me eternamente apaixonada pela sua habilidade de ser maior, absoluta e constantemente forte.
Eu te espero aqui, sabendo que tua voz não será melíflua, e que não repetirá as palavras amorosas do passado. Respiro com força, usando o oxigênio como curativo para a dor que se instala em meu coração. E, finalmente, quando te ouço, sinto arames farpados invisíveis envolverem meus braços que te querem.
Eu te espero aqui, repetindo todos os dias algumas palavras tolas que inventei, sem sentir seu significado, porém, acreditando que me farão firmes por mais vinte e quatro horas.
Eu te espero aqui, e não sinto minha própria presença, como se voasse dentro das páginas de um livro, observando um personagem construído por um lápis anônimo.
E por que te espero, sem véu, e sem flores, se é certo que não vens, realmente, não sei...

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Plano de vida









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Fatia meu corpo com tuas palavras, e vê, mais uma vez, meu sangue escorrer. Não saberia dizer se é agora a última vez, mas saberás quando eu cicatrizar, e dizer que já nasci amanhã, que já me vejo em dupla face, sendo a mais fria dedicada a você. Se incapaz de te querer, lembro que sou nascente, e renovo, e viajo, em direção ao mar, porque sou maior, e minha aparente fragilidade é ilusão de ótica. Se te olhar nos olhos, nascerei nos teus, irretocável e perfeitamente refletida. Não notarei tua presença, mas minha própria imagem me fortalecerá. Quero apenas nascer amanhã, poder dizer que já nasci amanhã, poder não te querer amanhã, e respirar a libertação de você, como imagem renovável do teu arrependimento.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Reflexo ilusório


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Passei novamente pela rua que pensava nossa. Hoje não é mais, e também não é de mais ninguém; do contrário, haveria flores, grama verde e saudável, e árvores frondosas. Mas não vi nem folhas secas: não senti vida, vi apenas papéis jogados ao chão num cimento triste e fosco. Olhei para o céu e não vi senão nuvens duvidosas, encobrindo qualquer raio dourado que ousasse alegrar o cenário. Não vi pessoas andando felizes, não vi casais apaixonados que nos substituíssem.

Aquela rua que chamei de nossa era o reflexo ilusório do sentimento que também pensei que fosse de nós dois. Classifique-me como louca, mas prefiro a saudade mentirosa de um "nós", do que encarar a realidade de um "apenas eu".

sábado, 6 de junho de 2009

Melhor não dizer em voz alta...












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Nunca deixei nossas coisas assim, tão ao acaso. Mas é mesmo por falta de tempo que estou deixando, agora. Meu coração aperta, a vontade de ligar permanece, mas agora não o faço porque estou tentando me apaixonar de novo por mim mesma. E isso pede um tempo. Quem sabe, como num desses filmes bem românticos, o acaso fique a nosso favor.... não, pensando bem, não acredito que o acaso possa ter tanta personalidade assim, nem acredito em poder personificá-lo...

Nunca deixei de falar contigo assim, tanto tempo. Mas é mesmo por falta de tempo que estou deixando, agora. Você precisa aprender de uma vez a escolher sentir saudade ou simplesmente não sentir. Você precisa decidir de uma vez se quer estar presente mesmo tão ausente, ou se quer permanecer ausente, mesmo tão presente...

Nunca deixei de sonhar contigo assim, tanto tempo. Mas é mesmo por falta de tempo que estou deixando, agora. Ando tão ocupada, que já consigo usar isso como desculpa esfarrapada para mim mesma, quando olho pela janela do ônibus. O sono vem, e eu o uso como fuga pra não ter de sentir a dor e o peso da realidade...

Nunca deixei de te amar por tempo algum. Mas é por isso mesmo que tenho que tentar, agora. Só para entender melhor o que você não sente por mim.