domingo, 26 de setembro de 2010

Menina morena

Eu me lembro perfeitamente do momento em que me dei conta da minha feminilidade. Não estava me olhando no espelho, não estava colocando batom ou usando lingerie pela primeira vez. Nada disso. Estava lendo um livro, como de costume, na sala de estar da minha avó. A brisa morna corria lá fora, e o sol começava a ter o laranja dos fins de tarde dos dias mais quentes. Eu sentada no sofá, de frente para as grandes janelas, e uma cadeira de balanço que dava um toque de antiguidade ao cômodo. O livro era lindo, suave, doce, e eu me identificava com alguma coisa na personagem que só fui saber explicar recentemente.
Fato é que depois perdi o livro. De repente, me veio uma vontade incrível de vê-lo novamente, e o procurei avidamente entre as coisas antigas guardadas. Não achei. Devo ter perdido, infelizmente. Mas não desisti. Comprei num sebo.
Incrível como uma dia, do nada, ligamos uma coisa a outra, e analisando a nós mesmos, descobrimos por que somos assim, por que agimos assim, por que gostamos tanto disso ou daquilo. E quando encontrei a imagem do livro na internet, tive um flashback tão intenso e colorido, e lembrei por que é gosto tanto de usar flores no cabelo.
As ilustrações do "Menina Joana" expressavam tudo que eu gostava: flores, sol, cores, alegria! A história era simples, mas o que me impressionava e fazia com que eu ficasse horas folheando o livro não era isso; era o fato de que o sol, de que eu tanto gostava, no livro, convidava a menina pra brincar. E não é assim que realmente nos sentimos quando estamos muito alegres? Tudo conspira a nosso favor. O sol procura a posição perfeita para nos iluminar melhor. As estrelas só aparecem para sorrir para nós. A brisa vem para brincar com os fios dos nossos cabelos. As nuvens brincam com a gente de o que é, o que é, tomando formas inusitadas. Essa era a alegria que eu sentia e não conseguia descrever, e a única reação que tinha era de grudar os olhos nas páginas dos livro e sorrir, e às vezes, me emocionar.
Eu era criança, e ainda faltava um pouco pra me transformar em moça, mas de repente, fiquei muito orgulhosa em notar que minha pele, da cor do doce de leite, tinha o tom perfeito de dourado que eu achava que deveria ter, assim como as moças que os autores descrevem como suas musas. Eu era tão alegre quanto a menina do livro, e por algum motivo que, este sim, até hoje não sei explicar, me senti linda, me senti única, como uma rosa especial em botão no jardim da vida.
Escolhi esta música "Espere por mim, morena", do Gonzaguinha, porque ela me faz lembrar de tudo isso. E é uma canção tão carinhosa, até o ritmo da música é terno. Além disso, foi uma das primeiras músicas que eu escutei e achei que tinha sido escrita pra mim, só por causa da palavra "morena". Coisas de menina...morena. Coisas de eterna menina moça. Delicadezas.....sutilezas.... feminilidades.



sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Delicadezas, sutilezas e feminilidades

Sinceramente, quando comecei a escrever este post, fiquei em dúvida sobre qual imagem usar. Tinha tanto a dizer, que preferi transformar o "delicadezas, sutilezas e feminilidades" em um marcador, assim como o "eu mesma", que sempre aparece, o "cartas para não enviar", o "crush-es da vida", que anda meio sumido mas vai retornar, e outros que vocês costumam ver por aqui.
Explicando o motivo: estava rascunhando coisas do tipo, mas vinha tudo na minha mente em forma de névoa, meio assim, sem forma, e sem ordem. Foi quando, lendo alguns dos blogs que gosto, visitei o Carambolas azuis, um blog de uma delicadez extrema, lindíssimo, e me deparei com um post em que a Cássia cita o blog da Maria Filó. Fui no blog, acabei visitando todo o site, conhecendo novas músicas, juntei uma coisa com a outra; lembranças de infância acabaram vindo e tomando forma de texto, juntei outra coisa com a outra, e....é isso, kkk.
As trilhas sonoras do blog sempre acompanham o post mais recente, então se forem ler posts mais antigos, sugiro que desliguem o player. As músicas colocadas aqui sempre têm uma razão de ser e estar. É por esse motivo também, que, daqui pra frente, colocarei uma observaçãozinha no fim do texto com o nome da trilha do post, e uns comentários adicionais, kkk. Assim, se quiserem saber o que estava tocando na data em que aquele post foi escrito, terão acesso. Já que soube recentemente que o pessoal curte a música que encontra aqui, a responsabilidade aumentou, não é mesmo? Agora tenho que caprichar mais ainda!
Pois bem, este post é mesmo só para avisar sobre essas pequenas mudanças. Espero que continuem gostando das pétalas dos meus pensamentos.

Beijos e pétalas a todos os que passam por aqui.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Ding, dong...

Quando era pequena, tinha medo de um relógio carrilhão que ficava no cômodo ao lado do meu quarto. Naquele cômodo, não havia cortinas, e o eco que a melodia imitando sinos produzia evidenciava-se muito mais à noite, quando o silêncio era muito maior. Ele tocava uma melodia inteira para cada hora inteira, e então vinham as aterrorizantes badaladas. Uma hora, duas, três, quatro, eram bem suportáveis para mim, mas oito, nove, dez badaladas, ou mais, me faziam tremer. Eu me encolhia debaixo das cobertas, e deixava os olhos semi abertos. Fechar os olhos, para mim, era me concentrar ainda mais no som, e isso eu não suportaria. Mesmo pela manhã, não gostava do som do relógio. Mas não me importava com os tic-tacs, e passava algum tempo admirando e brincando com o pêndulo insistente. Quando o pêndulo ficava muito vagaroso, eu observava meu avô pegar cuidadosamente o relógio, e colocá-lo para funcionar novamente. Não gostava quando ele deitava o relógio no colo para consertar algum detalhe. Não gostava porque ele era de madeira, e mais me parecia um pequenino caixão. Os anos se passaram, e chegou o dia em que o carrilhão também foi vencido pelo tempo. Mas mesmo ali, no canto que funcionava como sótão, junto com tralhas velhas e empoeiradas, ele não parecia inofensivo. Parecia me olhar nos olhos, como se quisesse dizer que o tempo passa e não volta nunca mais, e que por isso eu devia aproveitar cada precioso segundo na vida. Eu achava que o velho carrilhão destoava dos outros objetos, e que ele era muito valioso, mas restaurá-lo, para mim significava que ele voltaria a ter poder sobre meus medos outra vez. E por isso exerci o único poder que tinha sobre ele ao deixá-lo perecer.
Esses pensamentos e sentimentos convulsivos vinham à tona ao repicar de qualquer sino: um temor inexplicável e, ao mesmo tempo, uma atração irrefreável. A atração me impulsionava a contemplar, e o temor, a querer manter distância. Eu tinha, assim como todos têm, um objeto e um som que evoca sentimentos, e até entender que isso era aquilo, o sino, para mim, era um mistério, sendo grande ou pequeno, tocando literalmente, ou sendo imitado por alguma melodia. O relógio, eu sabia que ia superar, o sino, não.
Na verdade, eu só tinha medo da transitoriedade do tempo e da vida, e de como certas coisas parecem apenas sonhos que tivemos quando viram passado.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Aos 50!

Oláááááá!!! Esta postagem é para vocês, meus 50 seguidores, que me tem feito sorrir com suas presenças e comentários. Fico muito contente a cada chegada, e não é porque estou escrevendo ao completar o número 50 que não sorri quando chegou aqui o 17º, o 4º, o 8º ou o 29º, sabem disso, não sabem? Sorri sempre, a cada pessoa nova que aqui chega.
Pois bem, então hoje é festaaaaaa (yeeeeey!!!), e vim aqui para dizer que desejo muitos dias felizes para todos nós! Espero que continuem gostando das pétalas de pensamentos que vos tenho oferecido.
Uma pena que não posso oferecer docinhos, bolinhos e refri, mas fica a intenção virtual aqui, kkkkk, e uma florzinha bem feliz com cinco pétalas de algumas coisas muito boas da vida: sorrisos, beijos, flores, estrelas e entardeceres ensolarados. Muito disso para vocês, com carinho, e muito mais!

Beijos e pétalas.