Em meio a arrumações, caixas, roupas, livros, fotos, encontrei diários de anos passados que me fizeram rir e chorar. E não pude deixar de notar o espírito de "can we ever go back?"* em muitas das letras escritas naquelas páginas. Descobri que uma parte de mim se apegava sempre ao passado, e ignorava o presente, que não muito depois, oferecia alguma novidade surpreendente. Muitos dias se passaram sem que eu notasse a sua beleza, admirando os dias anteriores. Não quero mais. Tudo que já aconteceu, sempre estará em mim. Por que não deixar entrar um raio de sol, e admirá-lo, não no dia seguinte, mas no exato instante que acontece? Por que não deixar florescer os galhos sempre secos? Por que não curtir as folhas vermelhas quando estiverem vermelhas, e a lua nova, quando estiver exatamente nessa fase? Eu, que não perco uma estrela, um pôr-do-sol, uma flor que se abre, sim, logo eu, cometi a falha de pensar que os dias anteriores tinham sido melhores. Se hoje não tenho algo, fui feliz enquanto tive, e isso sempre existirá. É meu. E não pode ser roubado de mim. Mas hoje, hoje também é lindo. Hoje é magnífico do jeito que for.
Beijos e pétalas.
*(da música: speaking a dead language - joy williams)