domingo, 23 de janeiro de 2011

Se eu tivesse 4 ex-namorados... (parte 2)

Após o término da faculdade, tentei alguns empregos e estágios, e quando finalmente encontrei um estágio promissor, encontrei também a paixão. Daquelas bem malucas, sem pé nem cabeça, e também sem futuro. Coisa temporária, mas que na hora nem dá pra saber, porque a atração é tão forte que anula os pensamentos inteligentes. Ele já trabalhava lá há alguns anos, e eu fui estagiar sob a orientação de outra pessoa, na sala vizinha. Algumas amizades que tenho hoje nasceram lá: nosso grupo ia lanchar junto, e quando não dava tempo, sabíamos tão bem os gostos uns dos outros, que já levávamos empacotado para quem não tinha tempo para almoçar naquele dia. Entre eu e ele, especificamente, havia uma crescente tensão, que eu procurava evitar por causa de sua fama de o-poderoso-entre-as-mulheres. Os apelidos criativos variavam, e eu também tinha os meus códigos entre mim e as colegas mais divertidas. Embora tivesse muita energia, andava meio cansada, porque nas poucas horas de sono que tinha para me reerguer, passava horas acordada pensando em como aqueles cabelos imploravam para ser completamente despenteados, e em seu sorriso descontrolador-de-pensamentos! Antes de um feriado prolongado, ele apareceu de visual novo, e foi a sensação do dia. Na verdade, a sensação do meu dia foi a  mudança de atitude: as indiretas e olhares furtivos se transformaram em uma ação direta; e durante todo o feriado, eu só conseguia pensar naquele beijo tão bem dado! Eu queria manter tudo em segredo por um tempo, ele concordou plenamente. No entanto, ao mesmo tempo que era divertido ter uma paixão secreta, era estressante conciliar minha vida pessoal e profissional. Os melhores momentos foram os bilhetes com convites para sair, que apareciam em lugares inusitados, os ocasionais buquês de rosas vermelhas, sempre vermelhas, dançar com ele nas noites de sábado (e como ele dançava bem!). Enfim, quatro meses foi tempo suficiente para que ele sentisse saudade do poder da conquista. E eu o flagrei com uma de nossas colegas, protagonizando uma cena de novela no escritório. Não armei um escândalo, fiquei estática, enquanto pensava no que fazer. Foi neste dia que recuperei a razão, que me lembrei de como era pensar. Não fiquei irritada com o fato de ainda ter sido ridicularizada por ser tão ingênua pela minha "substituta". Gastei metade do meu cérebro na busca da resposta para a questão "por que ele não parece estar sofrendo?", li livros de auto ajuda, escutei mil conselhos de amigas, e enfim, conclui que a razão evita muitas burrices. Não muito tempo depois que terminei meu período de experiência, fui convidada a permanecer na empresa num cargo efetivo, que neguei com prazer. Aquele lugar definitivamente não oferecia nada que pudesse colorir meu futuro com as cores que eu realmente gosto. E minhas duas amigas também não faziam parte daquilo. Saímos cada uma para um lado, mas sempre mantendo contato, e muito  bem resolvidas. Ainda me lembro de ter ido a sala dele me despedir, e agradeci brevemente pela traição. Disse que foi uma das melhores coisas que ele poderia ter feito por mim. Ele me perguntou se eu tinha conhecido outra pessoa. E eu simplesmente disse que minha vida não se resumia em conquistas amorosas, mas que eu respeitava os que eram felizes assim. Não olhei para trás, porque nada mais ali me importava.

2 comentários:

Rach disse...

Se este post tiver sido, ainda que remotamente, inspirado na vida real...Pétala, minha querida, essa foi a estalada perfeita na cara de um desses rapazes que, infelizmente, todas nós conhecemos. É sempre excitante enquanto dura, mas também só dura enquanto não abrimos os olhos :)

mal posso esperar pelos dois textos seguintes!

. disse...

O fim não foi inspirado na vida real, nem o começo, mas algumas particularidades no meio da história, sim, foram remotamente inspiradas na vida real. O resto surgiu só de olhar para aquela carinha do Ben Barnes. Mas você tem toda razão quando disse que todas nós conhecemos figuras assim. E é bom sempre abrir os olhos rapidinho, antes que algum estrago seja feito, hahaha.

Beijos e pétalas.